quinta-feira, julho 21

A minha boca velada

Todos os dias me esqueço das palavras,
Sagradas que são para mim.
Uma folha a cair de tanto outono
Uma pedra a amaciar, afogada no rio,
E nos meus olhos coisas por dizer,
Tanta coisa sagrada por te dizer.

A minha boca sossegada
Deixa as palavras acabadas.
Por isso, meu amor,
vê nos meus olhos
o que a caneta, aqui, mata sem escrever.

1 comentário:

Anónimo disse...

Os dias parecem embalar cada minuto em rendição e a sexta-feira torna-se o único porto que a gaivota tranquiliza.

Pergunto-me, por vezes, se serei assim um dia, aquela mão de luz sobre a água ou a asa que abarca só um bocadinho do mundo - (inteiro)


O cheiro da salina envolve-me, mas é-me distante, e a ligeira névoa que se levanta é sempre uma cortina nos olhos, marcação de uma linha silêncio que se esconde.

Talvez as grades se dissipem de tanto olhar o horizonte e a terra se abandone a teus pés, aferrando o que se instila a morrer no peito.


Djany