sábado, outubro 27

É normal...

quem conhece esta especie de blog, vir aqui ler todas as parvoices e idiotices com as quais me divirto a escrever.

É normal. sorrirem, chamar-me louca, despropositada e sairem daqui bem dispostas com as brincadeiras.

È normal eu não falar sobre actualidades, politica, religiões ou até mesmo sexo.

É normal eu gozar com tudo e ser infantiloide e cretinoide.

É normal eu escrever mal, dar erros e mesmo assim continuar.

É normal não revelar as minhas opiniões, avaliar ou dar juizos de valor sobre o que quer que seja.

É normal que quem leu a PETICÃO se tenha sentido incomodado, não gostasse e tenha consolidado de vez a minha imagem de cretinoide (que tanto trabalho me deu a fomentar).

Mas... é normal que eu não alinhe pela bitola do resto do mundo.

O comentário da Insaciável expôs-me e obriga-me normalmente a ser ainda mais dura comigo.

Quando nos dispomos a escrever publicamente, sabemos sempre que mais tarde ou mais cedo a exposição acontece. Sabemos ainda que podemos fantasiar, criar personagens e histórias e tudo o mais é permitido. Também podemos escrever sobre aquilo que nos acontece, sentimos ou pensamos.

Eu até hoje não sei porque alimento isto. Provavelmente não o saberei nunca, porque nunca tive muita interessada em obter respostas... é certo que nunca me perguntei porque tinha um blog.

E não tenho necessidade de dar explicações. No entanto é normal que queira, hoje, falar de coisas absurdas.

Num mero exercicio de faz de conta, de imagina que, apetece-me falar:

- A Costa Rica é um daqueles paises que só existe no papel impresso de folhetos de destino turistico. É normal.

- Nesse país, seres da minha espécie passam dificuldades. É normal. É assim na maioria dos países na maioria das zonas deste planeta.

- Nesse país, cães vagueiam pelas ruas esfomeados e competem em fome e lado a lado com os mais pobres e mais miseráveis humanos. É normal.

- É normal que morram diariamente à fome cães e crianças.

- É normal que o cão tenha morrido à frente de todos os intelectuais que visitaram a exposição.
Da mesma forma que é normal que ninguém tenha feito nada nem tão pouco comentado ou alertado quer o Artista, a Direcção da Galeria, a Policia, os Media ou o povo... essa enorme massa que dá sempre jeito ter à mão.

- É normal absolutamente normal que o cão tenha morrido. Dava mais jeito se não tivesse morrido na exposição. É isso? Mudou o local. Não a forma nem a hora da morte do mesmo.

Se assim fosse não haveria petições online, movimentos internéticos, filmes e fotos na Tv na hora de máxima audiência e hoje eu não estaria aqui sentada a escrever sobre a coisa. Todos estariamos a coçar a micose do pézinho; a pensar na ida ao centro comercial e a mandar sms desenfreados a combinar a próxima saida logo a noite. É normal.

É normal que eu não leia as noticias de forma normal.

Não incomoda nada o meu universo que um cão algures tenha morrido á fome. Sei que morrem milhares deles todos os dias. Sei ainda, que morrem pessoas todos os dias com fome, vitimas de doenças e dos senhores das guerras. SEI.

Sei apenas isso porque a informação corre, informação que me chega aos quilos todos os dias a todas as horas, por todos os meios.

Outra coisa que eu sei.... sei que a maioria que ontem escreveu sobre o cão e o artista, amanhã sai á rua esquecido deles, enquanto se mira no botão da sua camisa. É normal.

É normal de vez em quando aparecerem movimentos destes na internet. São estes mitos que nos alimentam. Em tudo igual ao circo romano que animava as hostes.

É normal que não me preocupe com o cão. Já morreu.

É normal que me esteja a cagar para o Artista. Não o conheço de lado algum logo não posso enaltecer ou denegrir o seu mérito artistico. Sei apenas, porque me informaram, que com um acto, aparentemente idiota e sem comiseração, expôs um cão semi morto esfomeado que apanhou na rua.

Em escassos dias ficou conhecido. O nome dele anda de email em email. E até o país de destino turistico aproveitou a boleia.

Normal mas normal mesmo para mim... seria que se comentasse pequenos gestos de pessoas anonimas, que se sublinhasse o melhor de nós e não fossemos engolimos por máquinas de criar mitos, de experiências, de controle de massas, de inseguranças e medos. Nem me atrevo, apesar de o ter aflorado no post anterior a expor mesmo, mas mesmo, o que eu acho sobre a forma como as nossas opiniões e sentimentos são controlados á distância.

Tenho duas amigas que há 2 anos, porque tinham uma loja e lidavam diariamente com muitas pessoas... decidiram fazer algo diferente. Começou por uma brincadeira. O Dinheiro que lhes era oferecido como gorgeta entrava num vidrinho e começaram a dizer que era para comprar comida para uns cães que de vez em quando passavam na rua...

(já agora alguém sabe porque já nao vemos matilhas de cães a passear nas cidades, atrás de cadela com cio?)*

Sei que rapidamente o movimento cresceu... os donativos e não gorgetas, começaram a ser cada vez mais e para abreviar... de facto negociaram no fim a compra de um camiao cheio de comida directamente com uma fabrica de rações que entregaram numa associação de animais.

Um pequeno gesto, uma iniciativa de duas grandes pessoas. Só duas. São o meu orgulho.

É normal que me esteja a cagar para as petições!

A ti C. e P. obrigada por existirem na minha vida.





Ps: Aguardo que me informem sobre *

9 comentários:

Anónimo disse...

Não há matilhas a passear nas cidades por causa do artista. Esse monstro educado na juventude hitleriana não dá tréguas nem aos pastores alemães.
Os poucos canitos que conseguiram fugir à fúria demoníaca do artista estão enfiados nos T0's urbanos aguardando ansiosamente pelos 2 minutos do dia em que podem ir à rua aliviar a bexiga sem que os assinantes de petições peguem num jornal enrolado e lhes gritem: "menino feio e mau! isso não se faz! Não gosto de ti!".
Salvem mas é as baleias e os raquíticos sudaneses!
E pronto... eis o tipo de comentário que faz com que a minha cretinice seja bem maior do que a tua, minha cara amiga Gar.

Mafarrica disse...

Nem temos a noção da nossa capacidade de actuar e fazer a diferença, sem duvida que é mais facil revoltarmo-nos dentro de casa, mas não fazer nada!

Concordo com o anonimo, há muitas maneiras de mal tratar , impedir que um cão seja um cão e faça coisas de cão é um exemplo disso!

Anónimo disse...

Olá mafarrica :)
Prezo em ouvir-te. Não sou um anónimo qualquer, sou a "Noiva Anónima". Queres vir à minha despedida de solteira?

Ana disse...

E onde está a petição para dar 3 vivas a essas duas alminhas?
Onde?
Eu assino com gosto!
:P

Anónimo disse...

Oh Gar!, andas a partir corações novamente, confessa lá!

Garamond disse...

Anónima Noiva... continuas assim tão compreensiva e amiguinha comigo que ainda me vejo obrigada a tratar-te bem!

Não deixas de ter razão... de qualquer forma não és mais cretinóide que eu!

E não sejas oferecida!

Se a DD te ouve ainda vais ao castigo!

:p

Garamond disse...

mafarrica

Bem vinda ao blog cretinoide e obrigada pelo comment!

Beijos

Gar

Garamond disse...

Ana...

Já tive no teu blog e a tua escrita faz-me sorrir...lembra-me vagamente alguém mas deve ser impressão minha!

Um beijo

Gar

Garamond disse...

"Anónimo disse...
Oh Gar!, andas a partir corações novamente, confessa lá!"

Para andar a partir corações eu tinha que ter coração... como é do conhecimento geral é um orgão que não uso!

Uso o fígado (iscas quando me enervo) e mesmo assim só quando preciso de comer marmelada!

O termo NOVAMENTE implica um conhecimento pseudo factual que já andei a partir corações... ora que eu me lembre.. não estou bem a ver... é que não tou mesmo nada a ver...

Confessar... bem... nem às paredes confesso calha bem! É segredo!

De qualquer das formas um beijo na pessoa anonimo, fica sempre bem!

;) Sinta-se osculada/o

Gar